Refugio-me
nas palavras de Buda, Refugio-me nas palavras de Deus,
E encontro
nos seus ensinamentos a dúvida do meu ser. O que procuro nesta vida? O mesmo
que todos e nada do que os outros buscam. Procuro o fim do sofrimento de eras sobre
eras em que sofri e fiz sofrer, morri e fiz morrer. Tudo o que necessito é de
por um fim ao sofrimento de muitas vidas, mas ao contrário de vós, não
ambiciono o fim do sofrimento físico, mas antes espiritual. A minha verdade é
só uma, porque o meu corpo morre, fica para trás como uma peça de roupa velha,
que não tem mais utilidade, a alma não, essa persiste na sua jornada, a vossa
não sei, mas a minha sim, sem dúvida. Como poderei eu prosseguir com a alma em
ferida? Não quero riquezas, não quero fama, nem boa sorte. Antes prefiro a
morte, que a vida sobrevivida, errante, sem norte. Hoje aqui, amanhã ali,
depois noutra galáxia, quem sabe? Tenho muitas almas gémeas, tive bons mestres,
aprendi de tanto cair a levantar-me, aprendi a cair quando estou de pé, sim, porque
também temos de saber cair de vez em quando. Sou uma alma velha, mas tão velha,
sou a anciã de outros tempos, outras verdades. Finalmente encarnei nesta vida
para alcançar a humildade, a pureza de espírito, a simplicidade de pensamentos
que tanta falta me faziam. Voltei a ouvir a natureza e o som do silêncio,
quando suavemente sopra nas folhas nuas ao vento, sei-te de cor, sei-me de cor.
Conheço-nos desde os primórdios dos tempos, andámos sempre juntos os dois. A
tua cara mudou muitas vezes, mas mesmo do outro lado do mundo a minha alma
reconheceria sempre a tua. Brilhas de uma maneira especial, diferente. Dizes
que eu tenho magia, talvez... Se chamares magia à maneira como pego nas crias,
manejo o fogo, ou abraço a água. Então tenho magia, com toda a certeza.
Pergunto-me muitas vezes porque é que as pessoas de Lisboa não têm magia? Cimento
a mais, árvores atrofiadas, animais abandonados, vidas vazias, sei lá!
Tenho muita
necessidade do campo, da natureza e da vida, abasteço-me de energia
pura quando ando descalça pelo chão e piso o orvalho macio como seda. O amanhã
virá sem dúvida, de qualquer maneira, melhor seja que esteja preparada,
consciente dos meus erros e das minhas conquistas, mas acima de tudo consciente
das minhas verdades. Tal como Shakespeare escreveu um dia:
“O mundo
inteiro é um palco
E os homens
e as mulheres não passam de actores.
Entram e
saem de cena
E
representam vários papéis no seu tempo…”
Todos nós
somos as personagens principais da nossa própria história. Tudo aquilo que
planeámos pode correr como tínhamos previsto, ou tornar-se de repente um caos,
está nas nossas mãos lembrarmo-nos das nossas próprias deixas. No entanto e
mesmo que o caos se instale à nossa volta, devemos sempre, permanecer fiéis a
nós mesmos, ao nosso papel, aquele que escolhemos representar nesta vida.
Eu escrevo e reescrevo-me de novo a cada dia, a toda a hora, não só represento como escrevo os meus papéis, e ajudo os outros a representar, a falar as suas deixas, uma e outra vez, até conhecerem o som das suas vozes, num turbilhão de emoções num misto de alegrias e de dor, numa cornucópia de saudade.
Já anoiteceu, a cidade dorme tranquila um sono de criança, só o silêncio se ouve aqui e ali e no entanto na agitação da vida, nesta amargura, a minha alma precisa de evoluir, o meu espirito precisa de paz. Ajudo os outros a provar que são capazes, de viver, de sofrer, de amar, mas sobretudo e porque acredito na essência humana, venho aplainar a via que irão trilhar, de modo a que fique mais suave, mais macia... é por isso que eu sou! é por isso que eu vim! E lá fora na noite, uma folha cai...
Já anoiteceu, a cidade dorme tranquila um sono de criança, só o silêncio se ouve aqui e ali e no entanto na agitação da vida, nesta amargura, a minha alma precisa de evoluir, o meu espirito precisa de paz. Ajudo os outros a provar que são capazes, de viver, de sofrer, de amar, mas sobretudo e porque acredito na essência humana, venho aplainar a via que irão trilhar, de modo a que fique mais suave, mais macia... é por isso que eu sou! é por isso que eu vim! E lá fora na noite, uma folha cai...
MIA PÚRPURA
Aqui tudo é um encantamento só. Beijinhos, menina e, se gostar de poesia passe pelo meu infinito particular.
ResponderEliminarObrigada Malu, vou passar no seu cantinho para conhecer.
ResponderEliminarBeijinhos de Luz!
Ana Maria