quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O SOM DO SILÊNCIO NAS FOLHAS DA VIDA


Refugio-me nas palavras de Buda, Refugio-me nas palavras de Deus,
E encontro nos seus ensinamentos a dúvida do meu ser. O que procuro nesta vida? O mesmo que todos e nada do que os outros buscam. Procuro o fim do sofrimento de eras sobre eras em que sofri e fiz sofrer, morri e fiz morrer. Tudo o que necessito é de por um fim ao sofrimento de muitas vidas, mas ao contrário de vós, não ambiciono o fim do sofrimento físico, mas antes espiritual. A minha verdade é só uma, porque o meu corpo morre, fica para trás como uma peça de roupa velha, que não tem mais utilidade, a alma não, essa persiste na sua jornada, a vossa não sei, mas a minha sim, sem dúvida. Como poderei eu prosseguir com a alma em ferida? Não quero riquezas, não quero fama, nem boa sorte. Antes prefiro a morte, que a vida sobrevivida, errante, sem norte. Hoje aqui, amanhã ali, depois noutra galáxia, quem sabe? Tenho muitas almas gémeas, tive bons mestres, aprendi de tanto cair a levantar-me, aprendi a cair quando estou de pé, sim, porque também temos de saber cair de vez em quando. Sou uma alma velha, mas tão velha, sou a anciã de outros tempos, outras verdades. Finalmente encarnei nesta vida para alcançar a humildade, a pureza de espírito, a simplicidade de pensamentos que tanta falta me faziam. Voltei a ouvir a natureza e o som do silêncio, quando suavemente sopra nas folhas nuas ao vento, sei-te de cor, sei-me de cor. Conheço-nos desde os primórdios dos tempos, andámos sempre juntos os dois. A tua cara mudou muitas vezes, mas mesmo do outro lado do mundo a minha alma reconheceria sempre a tua. Brilhas de uma maneira especial, diferente. Dizes que eu tenho magia, talvez... Se chamares magia à maneira como pego nas crias, manejo o fogo, ou abraço a água. Então tenho magia, com toda a certeza. Pergunto-me muitas vezes porque é que as pessoas de Lisboa não têm magia? Cimento a mais, árvores atrofiadas, animais abandonados, vidas vazias, sei lá!
Tenho muita necessidade do campo, da natureza e da vida, abasteço-me de energia pura quando ando descalça pelo chão e piso o orvalho macio como seda. O amanhã virá sem dúvida, de qualquer maneira, melhor seja que esteja preparada, consciente dos meus erros e das minhas conquistas, mas acima de tudo consciente das minhas verdades. Tal como Shakespeare escreveu um dia:

“O mundo inteiro é um palco
E os homens e as mulheres não passam de actores.
Entram e saem de cena
E representam vários papéis no seu tempo…”

Todos nós somos as personagens principais da nossa própria história. Tudo aquilo que planeámos pode correr como tínhamos previsto, ou tornar-se de repente um caos, está nas nossas mãos lembrarmo-nos das nossas próprias deixas. No entanto e mesmo que o caos se instale à nossa volta, devemos sempre, permanecer fiéis a nós mesmos, ao nosso papel, aquele que escolhemos representar nesta vida.

Eu escrevo e reescrevo-me de novo a cada dia, a toda a hora, não só represento como escrevo os meus papéis, e ajudo os outros a representar, a falar as suas deixas, uma e outra vez, até conhecerem o som das suas vozes, num turbilhão de emoções num misto de alegrias e de dor, numa cornucópia de saudade. 
Já anoiteceu, a cidade dorme tranquila um sono de criança, só o silêncio se ouve aqui e ali e no entanto na agitação da vida, nesta amargura, a minha alma precisa de evoluir, o meu espirito precisa de paz. Ajudo os outros a provar que são capazes, de viver, de sofrer, de amar, mas sobretudo e porque acredito na essência humana, venho aplainar a via que irão trilhar, de modo a que fique mais suave, mais macia... é por isso que eu sou! é por isso que eu vim! E lá fora na noite, uma folha cai...

MIA PÚRPURA

MUITA LUZ!

2 comentários:

  1. Aqui tudo é um encantamento só. Beijinhos, menina e, se gostar de poesia passe pelo meu infinito particular.

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  2. Obrigada Malu, vou passar no seu cantinho para conhecer.
    Beijinhos de Luz!
    Ana Maria

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