Bem,
dissertações ou desabafos, o que é certo é que tanto uma como a outra me estão
na alma a martelar constantemente. Que me perdoem os mais púdicos o título do tema
da minha escrita, mas por vezes estes arcaísmos que utilizo para expressar o
mais profundis de mim, caem que nem ginjas!
Vou
começar pelo começo, pelo menos aquele que eu conheço.
Quando
eu era pequena, e pequena julgam vocês com 4 a 5 anos, mas estão redondamente
enganados, porque pequena na minha humilde história era quando eu tinha meses
de idade e estava deitada na minha cama de grades e via as caras enormes e
horrorosas das pessoas que se espremiam para entrarem dentro da minha cama a me
aterrorizarem ainda mais, com os seus sorrisos estranhos e bafos de se desmaiar,
creio que em 1965 não era muito popular lavarem-se os dentes, era mais o
palitar ao fim das refeições, pois dava sempre jeito um naquito de carne que lá
se enfiava no meio dos dentes e que depois se podia mastigar mais tarde. Bem,
talvez qui ça, venha daí a minha natural aversão por pessoas. Também nunca
ninguém me explicou que eu teria de vir a lidar no meu dia-a-dia com estas
pessoas estranhas, porque se mo tivessem dito na altura, era mais que certo que
eu teria pegado no meu biberon, na minha almofada querida de sumaúma e nos meus
almanaques do Patinhas e tinha desalvorado dali para fora, mas não, ali
permaneci embalada pela mentira e pela esperança de que iria ter uma vida
promissora.
Promissora
só se foi pelas atribulações constantes a que fui submetida, sem pormenores
sórdidos e explicações detalhadas, porque isso já nós temos em horário nobre
nos telejornais, a única coisa que vos posso garantir é que me eduquei o melhor
que pude, não tive referências que me guiassem, nem quem me protegesse ou
defendesse, apesar disso, fiz o melhor que pude por mim. Aprendi com muitos
erros, esfolei mãos e joelhos, fiquei muitas vezes transformada em um monte de
cacos velhos, mas tratei das minhas feridas e segui em frente, também não tinha
a quem me queixar, nem habituada estava a tal mordomia, desde que me conheço gente, que lá em casa não nos podíamos queixar, era aguentar e mais nada.
Ninguém me orientou, ninguém me avisou que as decisões que
tomamos hoje, seriam o nosso dia de amanhã, escolhido por nós. Aprendi às
minhas custas que nunca poderei culpar ninguém sobre nenhuma situação que hoje
menos me agrade, pois fui eu que a escolhi! Não quero de modo algum parecer vítima,
nem coitadinha ao escrever estas palavras, porque não o sou de todo! Eu sou muito senhora do meu
nariz, (um dos meus defeitos),e não mudava nadinha da minha vida pessoal, os
meus filhos são a única coisa que realmente AMO na vida, dou sem pestanejar, nem hesitar a
minha vida por cada um deles, deixo ao critério de quem manda lá em cima como
me dividir para dar metade de mim igualzinho a cada um. Dar-lhes-ei sempre
tudo, tudo o que precisarem e que desejarem, desde que eu ache razoável, é
claro.
Quanto à minha vida profissional, eu mudaria muito, mas mesmo muito, não
gosto de estar fechada num escritório a ver as horas e os dias a passar e a
receber uma miséria de salário pelo meu precioso tempo, se fosse hoje à 22 anos atrás eu teria mesmo sem
salário me dedicado àquilo que realmente me ocupa a alma, ajudar os outros.
Teria ignorado as vozes que me fizeram estar hoje na situação em que estou e
estaria no meio dos pobres e sem abrigo sem salário mas feliz. Como é que eu
teria criado os meus filhos? Fazendo artesanato, andando de feira em feira,
trabalhando aqui e ali. Confesso que tenho alma de saltimbanco, ser hippie está-me
na massa do sangue. Tenho de controlar estes ímpetos, pois vivo numa sociedade
de betão em que a natureza para esta gente só existe para um bando de privilegiados que possuí
casa de férias fora da cidade, mas em condomínios fechados, e este é o conceito deles de natureza...
Ao atingir a faixa
dos 50 e já falta tão pouco, o meu coração chora por falta dos elementais, da
natureza, da humildade de quem abre a porta e oferece um naco de pão e um copo
de vinho, anseio pelas gentes onde existe sempre lugar para mais um e um prato
de sopa é uma iguaria oferecida com todo o amor.
Nunca
vou dizer aos meus filhos qual o melhor caminho a seguirem, ou qual o certo e o
errado, terão de o descobrir por si mesmos, e não me importo de correr o risco
de me culparem das suas más escolhas. Tenho plena consciência de que lhes
transmiti tudo o que precisam para serem felizes na vida, basta que para isso
ouçam a sua vozinha interior e a sigam. Eu estarei sempre por perto, mesmo que
alguns quilómetros nos separem algum dia, pois o meu coração não pertence à
cidade, aqui morro a cada dia que passa. A minha alma precisa de liberdade.
Como eu costumo dizer “Eu não hei-de morrer sem ter a minha casinha no campo”,
e ao contrário de algumas pessoas que afirmam ser um sonho meu, daqui a uns
tempos vão ficar de boca aberta literalmente ao ver que o que era um sonho
tornou-se realidade. Dinheiro para comprar uma casa no campo, sinceramente eu
não tenho, já me perguntaram de onde virá o dinheiro? Respondi, que eu tenho
muitos amigos, os Gnomos, os Elfos e todos os elementais. Riram-se muito de mim
e da minha resposta. Se isso me incomoda? Não. Os meus filhos acreditam em mim
e eu acredito naquilo que acredito. O resto? Não existe!!!
Nunca
deixem de acreditar em algo que vos vem do fundo de vocês mesmos só porque não
se encaixa na sociedade, não deixem que vos matem as vossas certezas, porque
simplesmente as qualificam de sonhos. Sonhar para mim, é quando algo é inatingível,
impossível de realizar a não ser por um milagre. Mas quando acreditamos mesmo
em algo que vem do fundo de nós, que nos está enraizado na alma, meus amigos
deixem que vos diga, isso não é nenhum sonho, isso é a vossa realidade nua e
crua! Lutem por ela, por mais estranha que pareça, por mais que vos digam que
nunca vai ser possível concretizá-la, lutem, pois no fim da estrada ela estará
lá à vossa espera. E o vosso contentamento e sorriso encherão o mundo de
glória, pois nesse momento vocês terão alcançado a Paz porque que tanto
lutaram!!!
MIA
PÚRPURA.
MUITA
LUZ!
Que excelente texto,Mia! Uma pessoa guerreira e que sabe o que quer da vida desde o berço! Receba minha admiração e meu carinho,desejando um Natal de muitas alegrias a vc e sua familia! bjs,
ResponderEliminarUm texto que li com todo o interesse.
ResponderEliminarVenho desejar-lhe a si e sua família
um Feliz Natal.
Bj.
Irene Alves
Querida amiga, vim lhe agradecer a sua presença carinhosa e amiga durante deste lindo ano, que 2014 chega coberto de Alegrias paz e Muito Amor!
ResponderEliminarPor favor, me perdoe pelo meu silencio, e tenha a certeza que eu não me esqueço de você
Que o Deus Menino transforme nossos corações nos tornando pessoas cada vez melhores!
Feliz Natal.
Abraço amigo
Com carinho
Maria Alice
Hola Ana,bello texto lleno de una fuerza y un saber poco usual.
ResponderEliminarVengo para desearte que seas muy feliz y que el nuevo año que entra te depare todo aquello que desees.
FELIZ NAVIDAD!!!bella amiga.