Hoje vou falar de um assunto da máxima importância, mas que nós tendencialmente achamos que só acontece aos outros. Estou a falar do cancro de pele, mais propriamente no Melanoma.
Segundo o Doutor Osvaldo Correia, Dermatologista e Professor da Faculdade de Medicina do Porto - Secretário Geral da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC), os vários tipos de cancro de pele têm vindo a aumentar. O mais frequente é o carcinoma basocelular (mancha ou nódulo vascularizado, de crescimento frequentemente lento), seguido do carcinoma espinocelular (escama recorrente, ou nódulo que frequentemente ganha ferida que não cicatriza) e depois o melanoma (sinal recente, geralmente muito escuro, com crescimento activo, diferente dos outros ou nevo atípico que sofreu alteração significativa da cor, contorno e dimensão).
Actualmente estima-se que, em Portugal, a incidência do Melanoma (o cancro de pele mais temível) seja 10 novos casos por 100.000 habitantes, por ano, o que significa cerca de 1000 novos casos, por ano. Quanto aos carcinomas (basocelular e espinocelular) cerca de, mais de 100 novos casos por 100.000 habitantes, o que representa cerca de mais de 10.000 novos casos por ano. Assim, os cancros de pele, em geral, representam o cancro mais frequente.
Sinais vulgares
A maior parte dos indivíduos tem lesões pigmentadas no corpo: sinais, sardas, manchas de cor escura...Num adulto existem pelo menos 25 sinais em todo o corpo. Apenas um pequeno número são de nascença e a maioria vão surgindo com o crescimento. A maior parte destes sinais vulgares são benignos; todavia, uma alteração recente na forma pode ser o primeiro indício de transformação em melanoma ou de outro tipo de cancro da pele.
Melanoma maligno
O melanoma é um tumor maligno que se desenvolve a partir das células pigmentadas da pele ou melanocitos. O seu despiste precoce e o seu tratamento na fase inicial são fundamentais para um bom prognóstico. Contudo, nos estadios mais avançados, o melanoma maligno pode extender-se ("metastizar") a outros orgãos (gânglios, fígado, pulmões,...) sendo a taxa de cura nesta fase muito baixa. As pessoa mais susceptíveis de desenvolver um melanoma são as que:
· Têm antecedentes familiares de melanoma.
· Tenham tido no passado um melanoma.
· Tenham sinais que se alteram.
· Sejam portadoras de um grande número de sinais.
· Tenham pele clara, que sofrem facilmente de queimaduras solares e/ ou que se bronzeiam com dificuldade.
· Tenham antecedentes de queimaduras solares na infância e/ ou adolescência.
· Trabalhem ou exerçam actividades ao ar livre.
ABC dos sinais - Muito Importante!
O auto-exame cutâneo regular é a melhor forma de se familiarizar com as manchas pigmentadas e os sinais.
O melanoma maligno diferencia-se bem das lesões benignas ou vulgares. Quando fizer o seu auto-exame cutâneo deverá particular atenção ao tamanho dos sinais, à sua forma, bordo, cor e evolução.
Se descobriu um novo sinal, pigmentado, e constatou alguma modificação aplique a regra ABCDE:
- A: Assimetria (a forma do sinal é irregular, não redonda)
- B: Bordo (o contorno do sinal é irregular, mal delimitado)
- C: Cor (o sinal não apresenta uma cor uniforme, tem várias cores)
- D: Diâmetro (o diâmetro do sinal é superior a 5 mm)
Se descobriu um novo sinal, pigmentado, e constatou alguma modificação aplique a regra ABCDE:
- A: Assimetria (a forma do sinal é irregular, não redonda)
- B: Bordo (o contorno do sinal é irregular, mal delimitado)
- C: Cor (o sinal não apresenta uma cor uniforme, tem várias cores)
- D: Diâmetro (o diâmetro do sinal é superior a 5 mm)
- E: Espessamento recente
Benigno:
Sinal de aspecto normal. Contorno regular.
Sinal de aspecto normal. Contorno regular.
Duvidoso:
Contorno irregular com cor desigual. Talvez benigno, necessita ser examinado pelo médico.
Contorno irregular com cor desigual. Talvez benigno, necessita ser examinado pelo médico.
Maligno:Contorno irregular,cor negra, não uniforme. Melanoma superficial. Diâmetro superior a 10 mm. Tratar sem demora.
Maligno:
Melanoma nodular. Forma irregular e cor desigual. Tratar sem demora.
Melanoma nodular. Forma irregular e cor desigual. Tratar sem demora.
O cancro de pele pode, na sua maioria, ser curado.
A excisão, habitualmente cirúrgica, do carcinoma basocelular e espinocelular é habitualmente curativa. A não excisão, particularmente do carcinoma espinocelular, sobretudo das mucosas, mas também da pele, poderá predispor ao desenvolvimento de metástases. Se o melanoma for extraído numa fase muito precoce (pouco tempo de evolução, baixa espessura microscópica) a excisão alargada é frequentemente curativa. Para aqueles detectados já mais tarde poderá ser necessário pesquisar os designados gânglios satélites e, se positivos, propor
várias terapêuticas adicionais, nomeadamente imunoterapia. Se o melanoma não é excisado, ou for detectado numa fase muito avançada levará à morte.
Deixo aqui o meu testemunho:
A minha irmã tinha atrás da orelha algo parecido com um sinal, mas muito translúcido, que dava bastante comichão e incomodava. Por vezes descamava. Depois de consultar vários médicos, desde o médico de família, passando por outros sem obter nenhum tipo de melhoria dos sintomas, decidi que a devia de levar ao dermatologista, isto porque marcar Consulta num hospital público é para esquecer, pois só podemos recorrer ao hospital quando o médico de família passar um P1. Ora tal nunca iria acontecer visto que ele achava que era um eczema. A consulta particular é cara, foi cerca de 95 euros mas valeu a pena, assim que o dermatologista a viu, enviou-a imediatamente para um cirurgião do IPO (Instituto Português de Oncologia). Foi operada uma semana depois de saber o diagnóstico, era Carsinoma basocelular multicêntrico, maligno claro. A cirurgia à qual assisti correu bem, e apesar de ter demorado bastante tempo a ser diagnosticado ainda foi a tempo, pois este carsinoma é de crescimento lento. Já foi operada há dois anos e está bem, apesar de ter que ser vigiada regularmente. Deixo aqui um alerta, nunca menosprezem nenhum tipo de sinal ou mancha no vosso corpo e não se contentem com diagnósticos que não vos resolve o problema e procurem soluções noutros sítios com outros médicos, principalmente quando aquela vossa vozinha interior vos diz que algo não está bem. Confiem no vosso instinto!
É verdade, quando damos conta essas coisas acontecem-nos a nós ou a alguém muito próximo de nós. Temos de apostar na sensibilização e na prevenção como arma de combate a esta doença. Vivemos num País cheio de sol, o que é excelente e gratificante, mas temos de pensar muito sériamente em usufruir desta condição de um modo consciente e responsável.
Deixo aqui o link da APCC (Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo)
Onde pode encontrar sempre actualizado notícias e informações sobre sinais, cancros de pele, prevenção e conselhos. Todo o texto e imagens desta postagem, à excepção do meu testemunho, foi retirado do site da APCC. Consultem e divulguem.
Muita Luz!